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Algumas técnicas avançadas para cachimbar

Há muita informação por aí sobre como começar a fumar cachimbo. Mas e depois? Como avançar, evoluir e melhorar a santa hora do cachimbo?

Preparação, preenchimento, acendimento e compactação das cinzas no fornilho… essas são ótimas habilidades para se ter, mas sempre há algo mais a aprender sobre esse universo – é parte do que torna nosso hobby tão interessante e atemporal.

Sem a intenção de ser abrangente, aqui estão três técnicas dos fumantes experientes lá fora para você começar a progredir.

1. Retrohaling: /rétro.reilin/

 

Já deu risada enquanto bebia alguma coisa e aquilo saiu tudo pelo nariz? Então, é isso… mas sem a risada (rsrs).

Retrohaling é difícil de explicar, mas se for feito com sucesso te faz sentir um dragão – soltando fumaça pelas narinas. Sabemos que podemos cheirar mais odores do que podemos saborear sabores, e uma parte integrante da nossa compreensão do sabor de algo deriva de seu aroma.

Dessa forma, lançar fora a fumaça do cachimbo através do nariz aumenta as impressões do sabor e seus nuances de uma forma geralmente surpreendente.

Se você veio do mundo dos charutos, já sabe do que eu estou falando. Se veio dos cigarros – você está fazendo errado! (piada, ok?) Agora, se você começou pelo cachimbo, isso é importante – e não, isso não é tragar.

 

Ok, mas como se faz isso (sem morrer)?

 

Volte a imaginar a bebida saindo pelo nariz num momento de gargalhada e os músculos que você precisa empregar atrás do nariz, no alto da garganta e ao redor dos seios nasais para tal, isso é 50% da técnica.

Os outros 50% só virão de tentativa e erro – algumas tosses e tragadas involuntárias são inevitáveis. Sim, como a maioria das coisas relacionadas à arte de fumar cachimbo, você terá que praticar e dominar a técnica fazendo isso.

Uma última dica. Vá com calma! No início, tente apenas com cerca de 20% do volume de fumaça que você inalou. Se você tentar fazer em grande escala, especialmente se não estiver familiarizado com o movimento, você está navegando em direção a um caso épico nose-bite (mordida no nariz).

Uma dica bônus é: tente com tabacos mais suaves e evite os aromatizados quimicamente.

2. Soca o dedo! rsrs

 

Deixe o tamper (socador) de lado um pouco; use um dedo – qual deles achar melhor. Por que? A maioria dos cachimbeiros irá em algum momento corrigir e/ou arrumar o tabaco queimando no fornilho com o dedo – acontece. Mas por que?

Há quem realmente prefira os dedos aos tampers por uma única razão: o feedback e/ou sensação do tabaco quente em si pode instruir-nos para um “compactar” mais suave, o que pode levar a menos re-acendimentos porque o tabaco foi prensado demais com o socador. Basta ter em mente brasas vermelhas e um dedo sujo de cinzas.

(notas do tradutor)

Vale a pena tentar, te garanto. Já assistiu algum vídeo do Joffre, o gigante? Ele nunca tem um tamper; nunca! rsrs

3. Recompensa tardia

 

É fundamentalmente uma prática ligada ao desejo de descobrir sabores transformados de um único fornilho. Na prática, é bem simples: preencha o fornilho, dê aquela primeira acendida, dê algumas baforadas (ou mais) – só para sentir o sabor inicial e depois deixa o cachimbo de lado por um período de tempo indeterminado antes de voltar a ele.

Não existe uma regra rígida sobre como exatamente funciona. A premissa básica é deixar que um cachimbo quente caramelize e cozinhe o tabaco em seus próprios sucos por tempo suficiente para modificar em partes ou a totalidade dos aspectos do sabor do mesmo, até que você volte a fumá-lo.

A rigidez e disciplina estão em torno de qualquer metodologia específica, no entanto, essa aqui está sujeita à fantasia do cachimbeiro individual.

(notas do tradutor)

Eu experimentei com virginias. Acendi de manhã e fumei de noite. Outra vez, acendi num dia e fumei no outro – é algo realmente interessante.

 

E aí, curtiram? Vão testar alguma? Já conheciam essas? Se interessam por mais algumas? Comentem aqui e deixem-nos saber a opinião de vocês.

 

Fumaça confrades!

 

 

Versão inspirada, resumida e traduzida livremente por JC Pereira, o novato.

Original de Ted Swearingen para o smokingpipes.com




Fumando Espiritualmente (Pt. 1), um poema cristão sobre cachimbar

Na minha opinião charutos se inclinam mais para o social: boas conversas; bons amigos e bons drinks (bons hangouts também) clamam por um bom charuto e toda a beleza e desconstração que o acompanha. Cachimbo já é para algo mais introspectivo: solitude; um canto calmo com uma música ao fundo – um tempo para refletir.

Cigarros é para quem desistiu de tentar os dois mundos acima (risos) – e não se preocupa/incomoda com o social, e/ou “não tem um tempo” para apreciar um bom tabaco na calada da noite, ou em um lindo amanhecer de inverno (Ah, por falar em inverno, nós estamos com saudades de você, volte logo por favor).

Sou cristão e teólogo protestante. Para mim, o cachimbo sempre esteve ligado à uma questão devocional – é um de meus instrumentos de reflexão, contemplação e devoção. Estão sempre lá: a Bíblia, algum devocionário (esse ano tenho utilizado o Lecionário Comum Revisado), as orações e a fumaça do cachimbo elevando-as até o céu.

Sempre pensando, sempre refletindo, sempre murmurando uma oração.

Outro dia, li um poema de um reverendo escocês presbiteriano, Ralph Erskine – o qual me identifiquei muito, tanto poético quanto teologicamente. Então resolvi traduzi-lo e compartilhar com os confrades e confreiras de nossa comunidade tupiniquim.

Segue abaixo, uma livre tradução da primeira parte do poema “Smoking Spiritualized”:

Esta erva indiana agora murcha,
Embora verde ao meio-dia, e cortada à noite,
Mostra tua decadência; Toda carne é feno.
Então, pense e acenda o cachimbo.

O cachimbo, como um lírio é fraco,
Teu estado mortal, revelador,
Assim és tu; se vai com “um toque”.
Então, pense e acenda o cachimbo.

Quando toda a fumaça sobe para o alto,
Então tu vês a vaidade das coisas mundanas,
Se vão como uma baforada.
Então, pense e acenda o cachimbo.

E quando o cachimbo fica sujo por dentro,
Pensa na tua alma, corrompida pelo pecado;
Então, isso requer o fogo.
Então, pense e acenda o cachimbo.

Vede as cinzas jogadas ao vento;
E diga a ti mesmo:
Isso é o pó para onde devo voltar.
Então, pense e acenda o cachimbo.

ERSKINE, Ralph. The Sermons, and Other Practical Works

Em breve postarei a segunda parte desse poema. Até lá, boas baforadas e paz de Cristo a todos.


Enquanto escrevo: Cachimbo Aguiar Poker + G. L. Pease Westminster