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Dia de São Patrício (St. Patrick’s Day)

Hoje em dia, a maioria das pessoas conhece São Patrício[i] (St. Patrick para o mundo) apenas por algumas lendas. De fato, nenhuma dessas lendas tem algo a ver com o verdadeiro Patrício.

 

Quando se trata desse homem, a história verdadeira é ainda mais emocionante do que a lenda e o mito. Os fatos são muito melhores que a fábula. Este dia que pertence a Patrício tornou-se um dia sobre duendes, trevos, potes de ouro e verde – cerveja verde, roupas verdes, comidas verdes – verde em todos os lugares. A cidade de Chicago, por exemplo,  despeja 18 kg de seu corante ultrassecreto no rio. Uma faixa de corrida verde percorre a cidade. Mas muito antes de haver o mito de St. Patrick, havia a história real de St. Patrick.

 

Enquanto outros personagens de 1.500 anos de história são difíceis de pesquisar porque poucos escritos sobreviveram ao tempo, Patrick é difícil de estudar porque muito se escreveu sobre ele. A maior parte dos escritos sobre Patrick são poemas, ficção e louvores ao seus feitos. Ao pesquisar o verdadeiro Patrick, precisa-se examinar dez relatos fictícios de sua vida para se encontrar um único escrito factual.

 

Em resumo, quando adolescente, Patrick foi sequestrado, levado de sua casa no sul da Grã-Bretanha e vendido como escravo na ilha da Irlanda. Durante seus seis anos como escravo, ele se converteu ao cristianismo e ganhou uma reputação de evangelista fervoroso. No escuro da noite, Patrick escapou de seus laços e fugiu da Irlanda. Após uma longa jornada para casa, ele iniciou em estudos teológicos e passou a servir em tempo integral ao ministério. Em seus sonhos, Deus lhe disse que ele retornaria à Irlanda e serviria como missionário para as pessoas que o mantiveram em servidão.

 

Em 432 d.C., 25 anos depois de fugir da Irlanda, Patrick voltou ao local de sua escravidão. Ele não voltou com malícia ou rancor no coração, mas como um missionário ansioso para anunciar boas novas aos irlandeses. Patrick serviu em regiões da Irlanda onde estrangeiros nunca haviam viajado. Enquanto vagava pela Irlanda, ele pregou tanto aos pagãos quanto aos cristãos. Patrick discipulou ajudantes irlandeses e ordenou o clero nativo. Ele estava trazendo um novo modo de vida a uma cultura violenta e orientada para a guerra. Seu trabalho foi inovador.

 

“Diariamente, espero ser assassinado, traído ou reduzido à escravidão, se surgir a ocasião”, escreveu Patrick enquanto servia na Irlanda. “Mas não temo nada, por causa das promessas do céu.”

 

Patrick viveu de uma maneira abdicada e amorosa. Sua devoção e obediência resoluta oferecem exemplos para todos os seguidores de Cristo. Ele enfrentou grandes desafios e não vacilou. Seu serviço, sua vida e seu compromisso inabalável de espalhar o Evangelho são tão louváveis ​​hoje quanto no século V.

Segue abaixo uma tradução livre da oração de São Patrício:

 

Cristo comigo,

Cristo diante de mim,

Cristo atrás de mim,

Cristo em mim,

Cristo debaixo de mim,

Cristo acima de mim,

Cristo à minha direita,

Cristo à minha esquerda,

Cristo quando eu me deitar,

Cristo quando me sento,

Cristo quando eu ressuscitar,

Cristo no coração de todo homem que pensa em mim,

Cristo na boca de todo mundo que fala de mim,

Cristo em todos os olhos que me veem

Cristo em todo ouvido que me ouve.

 

Se existe outra personalidade que deva ser celebrada neste dia mais do que São Patrício, eu desconheço. Pegue seu pint de uma boa cerveja irlandesa (ou se preferir, uma dose de Jameson), ergam seus cachimbos acesos e fiquem na paz de Cristo.

[i] Para mais informações sobre São Patrício:

HAYKIN, Michael A. G. Redescobrindo os pais da igreja. São Paulo: Ed. Fiel, 2012

NICHOLS, Stephen. Who Was Saint Patrick and Should Christians Celebrate St. Patrick’s Day? In: https://tinyurl.com/snvz44z

PETTENGIL, Mike. St. Patrick: Reclaiming the Great Missionary. In: https://tinyurl.com/tuptfr3




Jean Nicot: O diplomata estudioso que apresentou o tabaco para a França

Jean Nicot foi um estudioso e diplomata francês que recebeu o crédito pela introdução da folha de tabaco como remédio universal para doenças na França durante o século XVI. A popularidade inicial do tabaco na Europa foi baseada principalmente nas supostas propriedades médicas da planta, e não no uso recreativo, e Jean Nicot foi um forte defensor dessa crença. Uma variedade de fontes apresenta relatos diferentes dos experimentos com Nicot e seus resultados subsequentes, mas geralmente concorda que ele é o primeiro responsável por introduzir o tabaco na França, principalmente na forma de tabaco para rapé.

Jean Nicot apresentando a planta do tabaco à rainha Catarina de Medicis e ao Grande Prior da Casa de Lorena, 1655

A primeira interação de Nicot com o tabaco foi durante seu mandato como embaixador francês em Portugal, quando viu a planta crescer nos jardins reais de Lisboa. Ele supostamente aprendeu que os nativos americanos acreditavam que o tabaco tinha poder de cura (embora algumas fontes afirmem o filósofo humanista português Damião de Góis tenha ensinado a Nicot sobre os usos medicinais do tabaco). Segundo um relato, Nicot decidiu experimentar depois que seu cozinheiro cortou o polegar com uma faca de cozinha. Nicot embrulhou o corte com folhas frescas de tabaco e ficou surpreso e intrigado quando a ferida cicatrizou. Outras histórias afirmam que Nicot aplicou folhas de tabaco na grave irritação da pele do rosto de uma moça e em um homem que experimentava fortes dores no pé, eventualmente curando as duas aflições.

Jean Nicot

Jean continuou seus experimentos medicinais com tabaco, retornando à França por volta de 1561 para relatar suas descobertas à rainha Catarina de Médicis. Um dia, Nicot teria praticado suas teorias com a própria rainha quando estava com uma forte dor de cabeça, sugerindo que ela cheirasse um pouco de pó que ele esmagara das folhas secas de tabaco. A rainha aceitou, pegou uma pitada de pó e colocou na narina, fazendo-a espirrar várias vezes, mas sua dor de cabeça visivelmente melhorou.

 

Embora o uso do rapé tenha se tornado moda rapidamente, era usado principalmente para fins medicinais, normalmente disponíveis para compra em farmácias locais. Ao longo dos anos, o rapé tornou-se popular para uso recreativo, muitas pessoas favorecendo-o por seus efeitos estimulantes. O fumo acabou se tornando o método mais popular de consumo de tabaco, embora o rapé ainda mantivesse uma reputação favorável.

 

Nicot finalmente se aposentou e viveu seus últimos anos perto da vila de Brie-Comte-Robert, localizada no centro-norte da França, em um pedaço de terra que recebeu como reconhecimento pelo seu serviço à corte real francesa. Foi lá que ele também compilou notavelmente um dos primeiros dicionários franceses antes de falecer em 1604. Seu legado foi comemorado em meados do século 18 quando o botânico sueco Carl Linnaeus nomeou a planta de tabaco ‘nicotiana’ em reconhecimento aos esforços de Jean Nicot na promoção do uso geral da planta.

Caixa de rapé de madeira, França, 1801-1830

 

Traduzido por: J C Pereira                                      Original: https://tinyurl.com/jean-nicot